Fotomática

Sempre que precisei tirar fotos 3X4 aqui no Brasil, procurava por uma "Fotomática", esse quiosque que encontramos por toda parte. Você chega e a mocinha faz tudo: ajusta a altura do banco, ajeita o colarinho da camisa, dá uns pitacos sobre o cabelo etc. Você se senta, capricha na pose e aguarda em pânico pela flashada (a flechada do flash) nos olhos. Depois, ainda meio cego, você fica esperando ansioso pelo resultado enquanto a tira sai da máquina e fica secando um pouco. A atendente corta as três fotos com maestria e as coloca num saquinho para você. Além de pagar, seu único esforço é o de não fechar os olhos.

Logo que cheguei ao Canadá em 1995, precisei de fotos 3x4. Não haveria nenhum problema porque já tinha visto uma dessas máquinas na estação de metrô perto de casa. Ao chegar, me deparei com o aparelho ligado mas a mocinha não estava lá. Achei que ela tinha saído para tomar um café ou ir ao banheiro e resolvi esperar. Para matar tempo, fiquei observando o que estava à minha volta, a arquitetura, as pessoas sempre apressadas etc. De repente, avisto o cartaz na própria Fotomática dizendo que as fichas estavam à venda na banca de jornais ao lado. Pensei comigo: "Hum, ficha?" E concluí: "Ah, aqui é tudo self-service, como no posto de gasolina!" Sempre avesso a manuais, me dirigi à banca, comprei a fichinha e voltei à máquina sem dar muita bola para o resto das instruções. Ajeitei o banco, o colarinho e o que me restava do cabelo. Fiz cara de bom moço, apertei o botão e me esforcei para não fechar os olhos. A flashada certeira não demorou a chegar... uma, duas, três, quatro vezes! Não estava entendendo mais nada! A tira que saiu da máquina foi esta:

Foi nessa hora que a minha ficha desistiu de desafiar a lei da gravidade. Descobri que, em terras canadenses, o costume é o de tirar quatro fotos diferentes - quatro poses - e não três cópias idênticas da mesma foto, como no Brasil. Voltei à banca para comprar outra ficha...

Abraços a todos