por Ron Martinez
Uns anos atrás a minha editora organizou um lançamento de um livro meu em uma livraria de shopping. Contrataram até um bufê para a ocasião, com direito a vinhos e vários tipos de petiscos e salgadinhos. No meio do encontro, aproveitei para dar uma olhada nos outros lançamentos na loja. No final de um corredor, descobri, escondendo-se atrás do estante de livros de arte, um casal que havia arranjado uma mesinha de algum lugar, com dois pratinhos montados com porções generosas da comida sendo servida, duas taças cheias de vinho tinto, com duas já vazias. Olharam-me como dois ratinhos pegos comendo um queijo na cozinha. “Estão bem servidos?” perguntei. Disseram que sim e seguiram comendo.
A cara de pau da dupla me impressionou. Ficou óbvio que eram penetras interessados somente em comer e beber de graça. Eles não me conheciam, nem quiseram me conhecer. Se fosse um casal humilde, até perdoaria, mas claramente pertenciam a uma classe abastada. O meu lançamento, enfim, havia virado “boca-livre”.
Existem ocasiões boca livre nos Estados Unidos e outros países também, mas uma tradução não existe. Tomemos como exemplo um convite a um casamento. Um britânico ou norte-americano que recebe um convite para um casamento, mesmo sendo de um amigo ou parente, sabe que não tem o direito, automaticamente, de convidar quem ele quiser à festa. Por isso, alguns convites deixam esta possibilidade clara: “Fulano e convidado”. Parece que no Brasil, essa regra é mais flexível.
Durante a festa do meu casamento no Brasil alguns anos atrás, olhei para a minha noiva e perguntei, “Gostei dos seus amigos daquela mesa.” E ela respondeu: “Meus? Pensei que fossem seus amigos!”
No final da festa, vi que um daqueles “amigos” levou uma garrafa inteira de Johnny Walker como lembrancinha.
Bicões como aqueles da festa de lançamento e do casamento devem existir no mundo todo. A diferença, creio eu, é que, no Brasil, a prática não é vista como tão brega quanto nos países de língua inglesa. Chamar uma ocasião de uma oportunidade para comer de graça seria considerado de mau gosto ao extremo. Os americanos e ingleses, na realidade, também vão a uma festa só por causa da comida ou bebida, mas parece que fazem maior esforço para dissimular esse fato.
Apesar disso, os americanos fazem algo nas festas que muitos brasileiros julgariam como mesquinharia. Em muitas festas particulares, como de casamento ou um lançamento, as bebidas alcoólicas servidas são cobradas à parte. Ou seja, o convidado chega, toma seu champanhe, e chega uma conta. Portanto, não se pode pressupor que qualquer confraternização vai ser completamente “boca-livre” nos Estados Unidos. Quando é, é chamado de open bar (bar aberto).
Não existe, em inglês, um equivalente à boca-livre, porém, eu o chamaria assim: a function with/an opportunity for free food (+/-).
Existem ocasiões boca livre nos Estados Unidos e outros países também, mas uma tradução não existe. Tomemos como exemplo um convite a um casamento. Um britânico ou norte-americano que recebe um convite para um casamento, mesmo sendo de um amigo ou parente, sabe que não tem o direito, automaticamente, de convidar quem ele quiser à festa. Por isso, alguns convites deixam esta possibilidade clara: “Fulano e convidado”. Parece que no Brasil, essa regra é mais flexível.
Durante a festa do meu casamento no Brasil alguns anos atrás, olhei para a minha noiva e perguntei, “Gostei dos seus amigos daquela mesa.” E ela respondeu: “Meus? Pensei que fossem seus amigos!”
No final da festa, vi que um daqueles “amigos” levou uma garrafa inteira de Johnny Walker como lembrancinha.
Bicões como aqueles da festa de lançamento e do casamento devem existir no mundo todo. A diferença, creio eu, é que, no Brasil, a prática não é vista como tão brega quanto nos países de língua inglesa. Chamar uma ocasião de uma oportunidade para comer de graça seria considerado de mau gosto ao extremo. Os americanos e ingleses, na realidade, também vão a uma festa só por causa da comida ou bebida, mas parece que fazem maior esforço para dissimular esse fato.
Apesar disso, os americanos fazem algo nas festas que muitos brasileiros julgariam como mesquinharia. Em muitas festas particulares, como de casamento ou um lançamento, as bebidas alcoólicas servidas são cobradas à parte. Ou seja, o convidado chega, toma seu champanhe, e chega uma conta. Portanto, não se pode pressupor que qualquer confraternização vai ser completamente “boca-livre” nos Estados Unidos. Quando é, é chamado de open bar (bar aberto).
Não existe, em inglês, um equivalente à boca-livre, porém, eu o chamaria assim: a function with/an opportunity for free food (+/-).
- Nunca perco uma boca livre!
- I never miss a function with free food!
Referência: "Como se diz chulé em inglês?" de Ron Martinez - Editora Campus/Elsevier, 2007. Leia a resenha.