Orador não é tradutor

Por razões profissionais, assisto a palestras e seminários com bastante freqüência. Já traduzi oradores brilhantes que falam com desenvoltura e encantam suas platéias mas também já vi muita gente nervosa que, digamos, deixou bastante a desejar. Em um trabalho que fiz esta semana aconteceu uma situação infelizmente muito comum. A moça que falava, em português, sobre o relatório financeiro da empresa usou uma apresentação em PowerPoint em inglês. Além do stress natural de ter que falar em público, ela era obrigada a ficar traduzindo aquilo que estava na tela, ou seja, um complicador desnecessário.

O escorregão mais grave aconteceu quando a oradora viu a palavra "ACTUAL" na tela. Não sei se por nervosismo ou desconhecimento mesmo, disse "atual" em vez de "real". A minha colega de cabine, que estava fazendo a tradução simultânea para o inglês, ouviu "atual" e disse o quê em inglês? "CURRENT", é lógico! O mal-entendido foi prontamente esclarecido e não houve grandes prejuízos para ninguém. De qualquer forma, esse é um problema que poderia ter sido facilmente evitado.

Fica então a dica: procure usar slides que estejam no idioma que você vai falar para não ter que fazer traduções "simultâneas" na frente de todo mundo. Se não for possível, use fichas de cartolina e leia algumas anotações pessoais (no idioma que está falando, é claro!). Assim, você não dá as costas para a platéia, não gagueja por conta da tradução nem cai na armadilha dos falsos cognatos.

Abraços a todos